domingo, 8 de dezembro de 2013

A melhor descrição do que ele foi... meu sonho numa noite de insonia...


Amor Prescritível
Eras o que não te sujavas em minhas lembranças.
Carregavas um peso meu, que trouxe por magoá-lo em tempos distantes.
E neste peso levaste por tantos anos, junto a ti, vísceras minhas do carinho mais sincero.
E uma grande ilusão.
Ela pintou seu quadro. Retratou o que em verdade não passava de minhas próprias vontades e desejos.
Uma projeção apenas. Minha.
Longe da desconhecida realidade. Tua.
Fui eu quem criou esta ilusão de um amor atomporal, nutrido pela impossibilidade de sua consumação.
Sequer a realidade deixei mostrar-se a mim e a neguei, transformando-a num ideal de pessoa e sentimento, que chamei de ti.
Ergui o pedestal, e coloquei minha ilusão nele, alto. Foi por todo esse tempo praticamente santa. Incapaz de me machucar.
Eram todos os meus sonhos juntos.
E eis que acreditei tê-lo encontrado novamente.
Minhas vísceras.
Meu ideal.
Minha ilusão.
Atemporal.
Desta vez, sem projeções.
O vi real, nada santo. Em toda capacidade de me machucar.
Os anos que o deixei carregar meus pesos não o impediram de cortar-me como tantos outros,  que sujaram minhas lembranças.
E na esquina deste reencontro, os pedestais, destruo.
A ilusão, desfaço.
A realidade, encaro.
As lembranças tuas, vejo sujas.
Meu coração, machucas.
O amor prescreve.
E me manda embora.
Andrea Campelo, 12/2013