domingo, 28 de junho de 2020

NÃO HÁ BRECHAS


No escuro daquele vão 
Um fim de tarde frio
No dia seguinte ao que meu corpo fora rasgado
Pelas tuas mil faces
No silêncio plácido
Eu escrevi pra você.
Com olhos mareados,
A chorar a poesia que jamais seria mostrada,
A paixão que morreria sem ser contada,
O êxtase que viraria lembrança solitária.

A mulher aperta ao peito
A luz do sol de amor que guarda
Por ti e pelos que passaram.
Por não encontrar brechas
Para deixar brilhar este astro
E o expandir em suas cores...
E assim, te mostrar minha poesia, 
Minha música, minha dança...
Todo meu SER em arte.

Silencio.
O frio ganha força.
Ainda rasgada, escrevo.
Os olhos escuros
O peito mareado.
A poesia das tuas mil faces.
E da minha paixão por todas elas.
Foi sol.
Mas não há brechas.

Andrea Campelo
05.06.20