sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Apenas o Caminho



Por onde os ventos me puderam levar
Em toda esquina que escolhi cruzar
Nos corações que ousei me afogar
Em nenhum deles consegui me encontrar.
A liberdade que me gritava às entranhas
Longe ao mundo me lançou
Parecia ser sede por uma busca de um lugar, 
Um sentido
Um afago perdido...
E busquei, busquei, busquei..... 
mudei, mudei, mudei....
A olhar pra trás, e almejar o porvir.... 
sem nunca me sentir...
o tempo passava, sem respostas.
E vinham mais lugares.
Tantos rostos.
E gostos.
Aquela sede infinita...
E de repente...
O vento cessou.
Toda luz apagou.
A escuridão em mim desabou.
Sem lugar.
Sem espaço.
Sem tempo.
Apenas o silêncio.
E nele, EU.
Inteira. 
Sem buscas.
Na maior descoberta da minha vida.
Eventualmente retornei... 
Ao mundo.
Aos ventos.
Ao Tempo e espaços.
Livre daquela sede.
Sem mais buscas,
Consciente de onde me encontro...
Não em um lugar, uma pessoa,
Ideologia, trabalho... 
Eu estou em meu silêncio, onde quer que esteja:
Ao submergir nas águas do mar....
Deitar-me aos pés de uma árvore....
Inspirar o ar fundo em meu corpo...
perceber meus pés tocando o solo...
Estar presente quando o sol me toca a diz que somos um.
Ali, completa.
SOU.
Simples e serena.
Aqui e neste instante.
No silêncio.
Na ausência de destino.
Apenas o caminho.

Andrea Campelo
27 de Setembro, 2019


terça-feira, 6 de agosto de 2019

Dourado



O que és?
Além desta cor de ouro nos cabelos,
Reluzente, em pouca voz e tanta luz?
Por trás desse verde azulado, trajado nos olhos tímidos?
Que me perseguem sem mostrar, e nada falar?

O que queres de fato?
Além das poucas horas roubadas?
Para me tragares em tua respiração forte e incompreensível?
Algo a mais, de levar em tuas mãos inusitadas,
Ou de causar, em tua ternura infinda e instransponível?

Para onde vais em teu caminhar?
Além de vagar sem horizonte certo?
Num rumo que chega em paz, e me deixa em sorrisos?

Serena, observo esse dourado....
E penso..

Quem és?
O que queres?
Para onde vais?

Andrea campelo, Agosto 2019

"Não Há Amor Em Sampa" (Prefácio do Livro porvir)



A meca das almas pedidas.
O concerto de demônios desvairados, soltos à deriva, famintos.

São Paulo.
O caos dos corações mendigos e solitários. A gritar em sinfonia esdruxula um clamor por toque, afeto, olhar, afirmação.

O paraíso dos luxuriosos.
A masmorra dos românticos.
O túmulo dos leais.

A megalópole nefasta, parasita das emoções sinceras.

Que me encerra e vicia.

Eu me perdi, na escuridão das  suas luzes amarelas...

Ele Está Noivo


Não há mais o que fazer.
Apenas isso.
Simples.
Duro e seco.
Desesperadamente, não consigo mais sofrer.
Não suporto mais.
Essa dor dentro de mim, não pode mais ficar.
Não aguento.
Não mereço mais.
Meu corpo não suporta.
Minha mente sucumbe.
A cabeça está quente.
Sinto as células mentais derreterem, perderem-se dentro de mim.
E nelas me vou.
Sinto-me perder dentro de mim mesma.
Como se estivesse indo embora, aos poucos, a desistir de tudo, dessa dor.
Simplesmente porque não suporto mais.
Tenho tentando me curar! Por demais.
Melhorar. Ser alguém melhor, sentir algo melhor!
Estou exausta...
Queria apenas descansar de tantas tentativas.
Apenas deitar, nada sentir.
Poder ter a paz de não sentir.
Não sofrer, e não ser feliz.
Apenas descansar...
Bastava-me não estar tão presa a tanta culpa.
Esse peso, veneno que me corrói as veias!
Consome minha alma e horas de minha vida.
Eu seguiria, e poderia andar ao menos, sem lágrimas.
Os sorrisos não seriam necessários.
Mas tua voz vem, sádica, me jogar nesse inferno novamente.
E eu queimo nas chamas mais ardentes e cruéis.
Aquelas que pareces precisar!
Para teres a certeza de teres me dito, que por minha culpa eu te perdi.
 Que joguei fora tudo que fomos, e o que não fomos.
Que eu matei o maior amor que já recebi do universo.
Por minha culpa e incapacidade de reconhece-lo, ele está em outras mãos.
E “mais feliz que nunca”, radiante tua luz precisaste me mostrar!
Para que em minhas sombras em me afundasse, escura.
Noivo. Pleno.
"Feliz como nunca."
Aqui é escuro. Eu choro e sangro.
Descartável. Bicho morto. Cansado. Respiro.
Esperando. Que tudo apenas acabe e venha o silêncio.
Que você sumisse. E eu pudesse descansar.
Andrea Campelo, Abril 2019