domingo, 23 de fevereiro de 2020

Lugar de Para Sempre Amar

Há um lugar para onde vão todos os amores.
Mas não quaisquer.
Apenas os que não floresceram.
Os que ficaram na bruma do tempo
Os que se deixaram levar nas ondas do mar
Aqueles que tendem a machucar.

Para eles eu criei esse lugar
Onde os levo comigo
Para continuar a amar
Há em mim, assim, este lugar eterno
Onde cada amor grande que vivi, reside
Onde posso estar nele e desfrutar
Viver sem pressa a brisa dos braços que me afagaram.
Nele nada morreu. Tudo permaneceu.
Cada história continua. Linda e singular.
Cresce e floresce imortal.

E lá eu vejo meus amados...
Sorrio seus sorrisos, toco em suas mãos
Sinto cada beijo e vivo todas as noites que nunca existiram.

Lá, não há passado ou feridas
Apenas as imagens construídas nos meus sonhos mais sinceros.
Não há mistérios.

Atemporal, neste lugar nós dois não envelhecemos. Seguimos jovens a vida que sonhamos de nossas horas.
O sol brilha e faz sempre calor.

Raras as novas chegadas a este lugar.
Poucos posso levar.
Mas agora é tempo de lá ficar.
Vestir mais um amor para esta viagem de sonhar.
Lá, enfim, eu posso te amar.
Para sempre, neste lugar.

Andrea Campelo
19.02.20

Hoponopono

SINTO MUITO
Pelo amor fortuito
Plácido, gratuito

ME PERDOE
Pelo faltar que doe
E a alma frenética que magoe

EU TE AMO
Pelo que és em ramo
E sem almejar declamo

SOU GRATA
Por viver a história farta
E sair sem fazer errata.

Andrea
Campelo
19.02.20

Os 5 Elementos

SÓPRO
Pelos abismos mais profundos de mim
Movendo meus "eus" pelas longínquas constelações do sem fim
Varando Campos e oceanos de minh'alma
A abraçar o mundo sem lampejo de calma.

FLUO
Molhando as secas do meu brio
Afogando o estio do inverno vazio
Transbordando em pecado sombrio
Das ondas que me conduzem ao meu oceano mais sombrio.

ATERRO
O brilho das pedras calcadas em meu sangue voraz
E iluminam as cavernas de uma alma sagaz
Gozando em terremotos de um coração sem cais.

QUEIMO
Na brasa dos que meu desejo encerram
E com os olhos ascendem a lasciva que, num porvir, enterram
Transmuto a agonia que estala, e pela lava do meu ventre se destrói
Moldo meu mundo uma realidade quente, de um brilho que corrói.

AMO
Soprando minha intensidade de querer
Fluindo, sem limites sequer ver
Aterrando os medos que me ameacem conter
Queimando na junção estrupícia das forças, que me fazem esta mulher querer SER.

Andrea Campelo
13.02.20

Interrogações

Quantos poemas cabem em um amor?
Quantas portas podem se abrir em flor?

Por quais caminhos podem nos levar os ventos de uma história?
Quantas noites de luz e glória?

Até onde escrever o indizível é possível?
Como descrever o intraduzível?

Como guiar o que não tem direção?
Até que profundidade permite-se mergulhar na paixão?

Em que tom afinar o desejo?
Como musicar tudo o que vejo?
Me diz
É possivel não morrer, depois de provar o teu beijo?

Andrea Campelo
12.02.2020

Súplica de um Coração, para Ela

Eu de sangrar-te, ando seco
Meu pulso arrasta cansado de súplicas
Estanque!

Já não és dona de ti, maldita
Nem caminhas com tuas pernas
Para me dares a outras mãos?

O que te deixo faltar para tanto me tirares?
Vagabunda!
Derramas a mim, desmedida
Esvaindo as couraças que me fizeste criar
E me pões nu, exposto, sozinho.
Egoísta!

Se não és tu só, infeliz
Vê que faz-me eu estar!
Nascem em mim os tentáculos que me sufocam
E sequer meus gritos queres escutar.
Cretina!

Se tu, a mim que te nutro
Não amas
Quem poderá a ti amar?!

Meu sangue há de te faltar.
Patética
E isso te digo:
Ninguém há de ficar.

Andrea Campelo
23.02.20

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Pássaro


De tanto mar
Transbordo.
De tanto fogo
Ardo.
De amor
Vivo.
Por você
Grito. 

De tanto viver
Morro.
Por não dormir
Desperto.
E de sonhar
Acredito.

Por tanto querer
Solto.
Por desejar
Queimo.
E ao me entregar
Gozo.

Por ser
Estou.
De voar
Pousou.
Por ser lar
Entrou.

E ao me beijar
Ficou.

Andrea campelo

03 fev 2020

Deixa Ficar


De repente 
Foi só olhar
Aquele Nego com cheiro de mar
Que veio sem avisar
Parecia um reencontrar
Pra vida então mudar. 


Tinha os pés descalços no Chão
Carregava um sorriso e um violão
Que acordou meu coração
E sua voz foi minha redenção. 


Trouxe casa, carinho e luz
E em seu caminho, assim me pus
Sem saber nem se faço jus
Ao encanto que ele traduz.


Deixo então, o Nego ficar
Que aqui dentro seja seu lar
No meu peito venha cantar
Toda lindeza do verbo amar.



Andrea Campelo
28/01/20