sexta-feira, 8 de março de 2013



Ao “Burb’s”, pelos onze anos.
Mais uma sexta-feira, com tudo para ser igual as outras.
Mas logo em suas primeiras horas sou levada aos braços semi-melancólicos da nostalgia. Entro no FB e sou lembrada da data, um aniversário.
Não de um ente querido, familiar distante, amor perdido. E ainda assim vejo que fui convidada para a celebração. Onze anos.
Desta década e pouca conheço o dono da festa há meros seis anos. Bem vividos. Inexoravelmente usufruídos na verdade. Começamos com uma paixão a primeira vista. Digna dos romances mais ardentes e nada bregas. Desde sempre, como típico das grandes histórias de amor, entreguei-me aos seus encantos e o desejei continuamente. Fui retribuída na mesma intensidade, sem cobranças ou amarras, apenas a coincidência incrível da identificação.
As noites foram nossas, e de tantos. Exclusividade nunca pensei ou quis dele ter. Mas ele tinha, sem dúvidas, a minha preferência. Com ele descobri por que toda a adoração bluzeira pelas sextas-feiras. Passei a esperar por elas com fome e sede. Aprendi nele sobre a diversidade de minha cidade, pois a cada noite dentro de seus recantos, senti os cheiros, ouvi os risos, vibrei nas guitarras....ah as guitarras... Nelas embriaguei-me. Encontrei meu recanto de pouca luz, muito som e um espaço maior que qualquer cosmos, onde pude ser eu mesma e soltar-me. Ah e como me soltei....
E os anos passaram. Naquela casa, pouco importava se me ia só, ou cerceada dos meus. Sozinha nunca estive, pois quem nela se encontra, jamais terá a queixa da solidão.
Tive cadeira cativa, primeira fila. Em aniversários, ou em sextas-feiras humildes. Mas hoje senti o fisgar do tempo e das impossibilidades que ele traz consigo. Olhei o convite, sorri com orgulho ao ver o sucesso que mantém aquele lugar ainda tão vivo e fiel a sua singularidade.
“Quero ir”, pensei com a força de minhas vísceras. E antes mesmo de deixar o superego trazer suas censuras, pensei no tempo em que elas não existiam. Lembrei do SIM sempre e instantaneamente dito quando escutava o chamar desse meu recanto e de que a única questão que se lançava era quem seria a parceria boêmia e de que horas deveria chegar para garantir a boa e velha cadeira cativa. E pus-me triste ao notar a avalanche de novas variáveis (ou seriam constantes), que nesse décimo primeiro ano me impediam de estar nos braços de meu amado: o trabalho até o fim do dia, de onde direto precisava seguir para a aula de MBA apresentar uma pesquisa e de onde só estaria livre no final da noite. O cansaço que chegaria com seu peso. E as aulas matutinas do dia seguinte. As impossibilidades dos anos chegaram.
Penso se a juventude poderia ser definida também por essa ausência sublime de impossibilidades. Pela plenitude de simplesmente poder-nos lançar aos braços de nossos amores e jamais pensar em não celebrar sequer uma sexta-feira ordinária, quem  diria um aniversário!
Bem, o fato, independente das definições nostálgicas subliminares, é que não posso ir. Assim como nas grandes histórias, bregas ou não, a paixão transformou-se em seu estado superior. É Burburinho, nesses seis anos tornas-te um amor. Estar em ti não me é mais necessário e o quero não mais por sede, mas por companheirismo e cumplicidade.
E sei que estarás sempre para mim, de portas abertas. Há poucos passos um do outro, diariamente. E que surpresa do destino...hoje posso tê-lo não apenas nas sextas, mas em qualquer dia ameno o suficiente para que em tuas mesas, nas almoços corridos, ou nas guitarras noturnas, eu me deixe levar. Mas não hoje, em teu aniversário.
Celebro de longe, abrindo caminho para a juventude apaixonada. Para que ela possa te conhecer e se entregar perdidamente, pois em ti não há meias-medidas. A programação, como sempre, é a melhor que há de se encontrar na cidade. Ah..é essa singularidade que me faz te amar. Parabéns, meu recanto!
E que venham mais onze décadas e gerações apaixonadas! Que encontram sempre vivas em ti a diversidade de nossa cidade, as cervejas geladas, e as guitarras....
Onde poderemos sempre soltar-nos e sermos nós mesmos.
Ao “Burb’s”, pelos onze anos!
Andrea Campelo
08/03/2013

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