quarta-feira, 23 de janeiro de 2013


Apenas Saudade

Parece música de Steve Wonder, ou mesmo a versão do Gil, que tem mais gosto.

E é por aí...não há grandes coisas a se passar. A vida corre seu curso intenso, e por vezes monótono.
As costas dóem.
"É tensão", diz a massagista.

Os risos ecoam, as músicas comovem e os bons filmes elevam.

Mas os olhos maream. Sem maiores razões. Por vezes perdem-se num horizonte escondido. Vagueiam.
E a pouca voz que sai embarga.
Se falasse, diria: é apenas saudade.
E eu responderia: mas dói.

Disseram que ela passa. E fica, então, a vida em seu curso ordinário, intenso e cada vez mais monótono.
Nem o Steve, ou sequer o Gil dão gosto.

Ás vezes é bom ter apenas saudade.
Só não precisa doer tanto.

Andrea
23/01/13 (escrito no carro)

Mesmo com o sol em face a queimar essa liberdade
Mesmo a calma tendo me invadido
Mesmo tudo já tão longe.

Hoje acordei com saudades de ti.

Deixo chorar.

Andrea
23/01/13

domingo, 13 de janeiro de 2013


As surpresas que as portas abertas podem trazer.
Com os pensamentos em frenesi,
Todos no gozo da expectativa do que viria a acontecer naquela semana,
Mais uma vez ela esqueceu das surpresas que as portas abertas podem trazer.

O quarto do hotel esteva fresco.
A luz fraca.
Os tons do ambiente, marrons e beges.
Um carpete áspero e curto no chão.
Um cômodo terno, sereno e aconchegante.
Seus cabelos estavam ainda molhados.
Tocava o jazz sanguíneo de Amy.

Abriu a porta nervosa. Arfava.
Ele não sorrio, notara.
Parecia tão nervoso quanto ela.
Abraçou-a forte e com alegria.
Ela disse seu nome, primeira sílaba.
Ele entrou devagar, cauteloso.
Demoraram a cadenciar o diálogo.
Buscavam uma forma de amenizar a tensa áurea de desejo que os levou até alí.

Encheram as taças de vinho e brindaram sem se olhar.
Ela sentou-se no chão. Pensava que ficar na cama era por demais insinuante.
Ele juntou-se a ela no carpete.

E enfim ela começou a enxerga-lo.
Sua voz, reconheceu.
A doçura dos olhos novamente.
Sorria ao sentir aquele tom faceiro e melindroso de contar histórias.
Ascenderam um cigarro, dos mil que fumaram.
Ela trocava de musica incessantemente, na busca pela trilha perfeita.
Até que enfim achou Paul e seu “The Best”, o álbum da noite.

E sem aviso, ele se aproximou para ver o CD.
Tirou os cabelos dela que caiam nos olhos, em mechas de um ouro-alaranjado, que cheirava a Oriente.
Puxou pelo pescoço, seu rosto e a beijou.
Ela liso, desliava. Ela pensou.
E sentiu todos os dias daqueles  dois meses e meio que estavam entre aquele momento
E a primeira noite. Onde tocava aqueles mesmos lábios, numa varanda não muito distante dali.
Tocou o rosto dele, os cabelos.
Lembrou do tempo que seu pensamento esteve nele e da falta que sentiu quando longe.
E fechou com força os olhos, lançando-se em seus braços.

A noite passou. Sem ter como ser escrita.
Ela a viveu, feliz.
Não sentiu medo.
Quis ver mais sobre aquele pisciano que quebrava suas travas e auto-flagelos.
Quis saber se ele estava bem e o que tinha aprendido ns nova vida que o tomara.
Quis senti-lo mais próximo, real.
Teve, então, tudo o que quis naquelas horas.

O viu vestir a camisa branca, maculada.
E novamente não o conseguia enxergar tão bem.
Mas já sozinha naquele bege, sorriu.
Percebeu que Paul, mais que nunca, era seu favorito.
E que tinha em sí o suficiente para bem mais que dois meses e meio de saudade a sentir.
Levantou e desligou o som.
Ascendeu mais um cigarro.
A porta estava aberta.
Andrea campelo
2013

domingo, 6 de janeiro de 2013


Vejo a cidade pela janela do taxi
E percebo que toda ela que for parece mais romântica ao término do fim da semana,
Quando se aproxima às 22h.
O movimento quieto dos carros
As luzes amareladas
A noite a esperar o amanhã de desespero,
E as janelas dos prédios em mil cores de tv ligadas,
A exalar a saudade do descanso injustamente curto.
Mas as ruas estão com um Q de romantismo no ar.
Ou sou eu que me apaixono sempre que chego...
Andrea Campelo
06/01/13

sábado, 5 de janeiro de 2013


As viagens que o coração faz, a trabalho.
Começamos a vida profissional numa batalha sufocante, com um ideal sempre em mente. Uma realidade saudosa, que parece tão longe. Materializamos mentalmente os detalhes dessa realidade não vivida e passamos todos os nossos dias direcionados a ela. Com uma fome voraz.
E foi há pertos três meses que encontrei-me num desses meus lugares. Pensei nisso quando estava no avião rumo a São Paulo, pelo novo trabalho. E enquanto passavam velozmente os quilômetros aéreos pela janela, eu não conseguia evitar o sorriso nos lábios. Atrelado, vinha um frio no estomago, quase um medo. Havia coisas novas demais ali na minha frente. Coisas que ainda não haviam passado e exatamente por isso me apavoravam encantadoramente.
Voltava-me toda a esse novo desafio. O trabalho era a força motriz das sensações e até mesmo das horas. Elas pareciam passar única e exclusivamente para que ele pudesse acontecer de acordo com todo o esforço de minha caminhada até aquele acento da Avianca.
E assim deveria ser, não seria? Então, quem estava a pagar pelas horas no ar e as 15 noites em hotel executivo? Quem além da nova e exótica corporação multinacional era a dona daquela viagem que me levava a materialização física de minhas buscas incansáveis de outrora? Era assim, meu cérebro labutador quem deveria viver esse momento e apenas ele teria permissão para se fazer satisfeito nessa quinzena.
Era o que deveria ter acontecido.
Acabei, inocente, por esquecer a real índole de minhas entranhas. Sequer passou pela minha cabeça o fato de que sair de casa, por-me fora do meu enclausurado dia a dia seja por qualquer motivo, é mais do que um objetivo de trabalho. É uma necessidade de perfil. Isso sou eu, que pulso por essas oportunidades, guiada pela sede de um coração inquieto, curioso. O meu.
Esteve ele, então, escondido, ardiloso, apenas a esperar nessa viagem. A debochar.
Mas sua alegria sádica durou pouco. Bastaram alguns dias para que a viagem que marcara o início de meus sonhos de profissão fosse promovida a um mergulho em descobertas e sensações pessoais, das mais íntimas. E o coração foi um sabido vencedor, podendo deixar de se esconder, escancarando aos meus olhos o que Sampa trouxe a ele.
Os dias passaram repletos de aprendizado e grandeza. E no coração a viagem era quase assim tão intensamente vivida. Em horas, em sorrisos, em lágrimas, em êxtases, em ressacas e em descobertas.
E nas horas finais que antecederam o embarque de volta, tive a prova que me faltava. Uma sequencia de lapsos humanos no trabalho me levaram a uma contrariedade vasta e intensa. Passei horas no saguão do hotel, sozinha, como que com um espelho a minha frente a me chamar de ridícula. E quando tudo acalmou e o taxímetro já calculava minha corrida para Guarulhos, desabei em choro. Ele parecia vir do estomago. E saía aos soluços.
Foi quando percebi que aquilo na verdade nada tinha a ver com o estresse dos colegas. Era a outra viagem que me fazia chorar. Alí estavam saindo as rusgas, as indignações e a euforia não dita, guardada pela falta de horas suficientes. Sentia a pele latejar como um dente cariado. A frustração do ocorrido no hotel me colocara em frente ao precipício de meus limites, e meu coração jogara-me nele.
No acento da Gol, já afastando-me daquela cidade-sonho, o sorriso não estava mais nos meus lábios, ou em qualquer lugar. Havia o orgulho da conquista pelo novo mundo, colegas, ruas e afazeres. Mas havia a vontade de ficar. Pois meu coração havia viajado, e não queria voltar.
Mas os dias passaram, e novos sonhos profissionais se mostram. Tenho, então, uma nova imagem mental, uma nova realidade a perseguir. E para chegar lá, meu coração há de seguir em muitas viagens a trabalho.
Andrea Campelo
05/01/2013

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013


Quando o amor sangra, se auto enaltece, e
Retorna não mais que o silencio
É tempo de arrumar as malas e partir.
Quando a batalha foi verdadeira ,
Quando lutamos o quanto havia de possibilidade...
E os sonhos permaneceram apenas no singular
É chegada a hora de se retirar.
E Ee olho para as frestas
Revejo as cenas, frases
Sorrio em cada lembrança
E nos cheiros dos  detalhes
E acredito, intensamente, que eram nossos.
Ainda com os olhos virados para trás do tempo
Penso que até o lembrar terá que, um dia, acabar.
Prolongo...
Toco as músicas, tomo das cervejas, vejo as fotos.
Espero a voz. Menor que fosse.
Apenas ele, meu cúmplice quieto.
E enfim eu choro.
Sinto saudade.
Quero ficar.
Fecho as malas, guardo as fotos.
Vejo os novos convites, coloco um batom.
Ainda sangro.
O teu silencio cicatriza.
E o meu morre: Adeus, meu amor.
Andrea Campelo
03/01/13