As surpresas que as portas abertas podem trazer.
Com os pensamentos em frenesi,
Todos no gozo da expectativa do que viria a acontecer naquela semana,
Mais uma vez ela esqueceu das surpresas que as portas abertas podem trazer.
O quarto do hotel esteva fresco.
A luz fraca.
Os tons do ambiente, marrons e beges.
Um carpete áspero e curto no chão.
Um cômodo terno, sereno e aconchegante.
Seus cabelos estavam ainda molhados.
Tocava o jazz sanguíneo de Amy.
Abriu a porta nervosa. Arfava.
Ele não sorrio, notara.
Parecia tão nervoso quanto ela.
Abraçou-a forte e com alegria.
Ela disse seu nome, primeira sílaba.
Ele entrou devagar, cauteloso.
Demoraram a cadenciar o diálogo.
Buscavam uma forma de amenizar a tensa áurea de desejo que os levou até alí.
Encheram as taças de vinho e brindaram sem se olhar.
Ela sentou-se no chão. Pensava que ficar na cama era por demais insinuante.
Ele juntou-se a ela no carpete.
E enfim ela começou a enxerga-lo.
Sua voz, reconheceu.
A doçura dos olhos novamente.
Sorria ao sentir aquele tom faceiro e melindroso de contar histórias.
Ascenderam um cigarro, dos mil que fumaram.
Ela trocava de musica incessantemente, na busca pela trilha perfeita.
Até que enfim achou Paul e seu “The Best”, o álbum da noite.
E sem aviso, ele se aproximou para ver o CD.
Tirou os cabelos dela que caiam nos olhos, em mechas de um ouro-alaranjado, que cheirava a Oriente.
Puxou pelo pescoço, seu rosto e a beijou.
Ela liso, desliava. Ela pensou.
E sentiu todos os dias daqueles dois meses e meio que estavam entre aquele momento
E a primeira noite. Onde tocava aqueles mesmos lábios, numa varanda não muito distante dali.
Tocou o rosto dele, os cabelos.
Lembrou do tempo que seu pensamento esteve nele e da falta que sentiu quando longe.
E fechou com força os olhos, lançando-se em seus braços.
A noite passou. Sem ter como ser escrita.
Ela a viveu, feliz.
Não sentiu medo.
Quis ver mais sobre aquele pisciano que quebrava suas travas e auto-flagelos.
Quis saber se ele estava bem e o que tinha aprendido ns nova vida que o tomara.
Quis senti-lo mais próximo, real.
Teve, então, tudo o que quis naquelas horas.
O viu vestir a camisa branca, maculada.
E novamente não o conseguia enxergar tão bem.
Mas já sozinha naquele bege, sorriu.
Percebeu que Paul, mais que nunca, era seu favorito.
E que tinha em sí o suficiente para bem mais que dois meses e meio de saudade a sentir.
Levantou e desligou o som.
Ascendeu mais um cigarro.
A porta estava aberta.
Andrea campelo
2013
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