sábado, 30 de novembro de 2013

Ao que de fato me falta


A noite existe, intensa e longa. Repleta de possbilidades. Infinita.

E aos 32 encontro-me nela, sozinha.

Sinto fata de tudo.

 De meu passado, meu prestente e futuro.

De tudo que fui, que acreditei e que amei em certa esquina de meus dias.

De meu presente:

Sem respostas, timido  e inexistente.

E de meu futuro…

Quieto, sem forma.

Vazio.

Sinto falta dele…

De tudo que quero que exista.

Andrea Campelo, 28/11/13, sob forte influência alcoólica.
 
 

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Abnegação

 
A quinta é de nada comum.
Um dia de férias.
Afazeres, quase inperceptíveis.
Da ordem dos improvisados, selecionados por vaidade apenas.
Buscam um status e imagem, nada mais.
Objetivos esses que requerem uma abnegação mentirosa e até certo ponto patética.
Aqui encontro-me: em plena semana não labutante, merecida pelos 365 dias de labuta intensa, portando kilos a mais e tensões musculares… a tentar livrar-me de ambas.
Para isso, investindo em criar um ser desconhecido, saudável.
A palavra da vez é abtsenção.
Mas de quê?
Dos bons gostos e sabores que alimentam o espírito, não apenas o paladar, esta é a verdade.
Negar-me a cerva santa e gélida, os tira-gostos sublimemente regados ao descaso dos óleos e gorduras, e o pior…. A nicotina queimada nas veias.
Hoje não.
As horas vespertinas doei minha desciplina e regrei o almoço, o café e janta.
Mas se o destino me leva ao gélido prazer de uma cerveja noturna, que mais posso fazer?
Me é da ordem do insuportável essa privação. Em verdade, uma negação de mim mesma.
Sou ser da noite, bohêmio.
Que encontra seu extase na bebida, na fumaça de cigarros caros ou baratos, que complementam o sabor da noite, perfeita e irretocável.
A música guia o movimento da noite e de mim mesma. Sou dela escrava.
Mas me prendem as rédeas do bem viver, da longevidade, do “slim fit”.
E assim acabo por achar-me a tentar parar tudo que sou…. Parar de SER.
Por onde ir então?
Em busca de mim mesma, ou de quem querem que eu seja?
De quem devo sentir falta?
Do que é aceito, ou do que sou?
É melhor calar.
Amanhã tem academia.
Mas hoje ainda tenho uma carteira de cigarro.
E três cervejas.
Ainda posso existir antes de morrer.
Só hoje, nesta quinta de férias, incomum.
Posso ser comum a mim.
Andrea Campelo, 22/11/13

terça-feira, 12 de novembro de 2013

O carro passou a ponte que dividia Recife e Olinda....

Senti os batimentos sofridos dentro de mim, a pedir que retornasse dalí.
Mas estávamos quatro no carro. E as visitas, longínquas e saudosas portadoras da minha maior saudade, desejavam sentir aquela brisa nórdica Olindense que tanto atrai os que se vão.
O silencio, mais uma vez, teve seu preço. A avenida avançou e em sua memória, aquelas lembranças recalcadas voltaram.
Onze dias depois de ter deixado aquela metropolitanica cidade, ela vê aquele cenário novamente. E cada molécula, cada célula, cada átomo de seu corpo contrai-se.
As ruas passam. O carro para em frente ao bar no qual ela esteve no mesmo dia da semana, há quinze dias. Ela calou-se. Deixou a dor gritar dentro de si. E permitiu que suas amigas decidissem que não ficariam ali.
Mas a avenida beira mar continuou. Ela pode sentir como se voltasse no tempo... em que saia do trabalho e seguia pelo mesmo caminho, em rumo ao que aprendeu a chamar de casa. Não um lugar apenas, mas os braços daquele que a esperava.
Então chegara. O mesmo quarteirão. Elas pararam enfrente ao bar da noite final. Onde ela ouvira pela ultima vez sua risada embriagada. Onde comprara um souvenier infantil com seu nome e o dele. Onde acreditou no maior engano de sua vida.
Então não mais lhe foi possível o silencio, e ela o rompeu. Simples. “Não, por favor. Aqui não”. E as amigas calaram-se. Sentiram o peso de suas palavras e de seu semblante.
“Aqui vivi a ultima noite com ele”. O carro seguia devagar. Ela continuou ao chegar no ponto exato. E mostrou: “Nesta rua, naquela porta. Ali ficamos e vivemos toda a mentira que vim lhes contar”.
O carro seguiu para longe.
Ela voltou a respirar. “Podemos ficar agora. Olinda é grande e não me amedronta. Beberemos hoje”.
E quando deixava aquela cidade, ao fim daquela tarde chuvosa, olhou uma ultima vez para traz.
Por mais bela que seja, e és, nunca mais Olinda.
Andrea Campelo, Agosto 2013.

Do lado de fora está azul aberto, pulsante



Como que vindo do branco, rumo ao amarelo, que fazem os olhos quase doerem de tão intenso.
“No preasure Over Capuccino” toca em meus ouvidos e a única coisa que faço é olhar pela janela.
Meus olhos não seguem a velocidade dos pensamentos, que por fim acabam morrendo, derrotados pelo turbilhão de sentimentos que me invadem. Em um apenas, contudo, me defino: felicidade.
Pisco devagar, e choro. Infantil, vaidosa, completamente infiel a realidade do que realmente aconteceu naquele momento.
Senti papai perto. Como se sorrisse ao meu lado. Acho que os momentos felizes são assim...nos fazem lembrar do amor que temos nos cantos mais profundos, e a tona eles acabam vindo brincar. Ou simplesmente ele está mesmo aqui, feliz a me ver chorar de alegria.
A visão é como se o mar estivesse de cabeça pra baixo....
O azul em cima de nossas cabeças seria a água....e as nuvens brancas virassem as a espuma das ondas... E acaba que é sempre azul e imenso.
Meus sonhos parecem ter ficado todos para trás. E estou a chegar agora em algo real, algo que era longe... Uma ilha.
E então seja. Fique tudo pra trás. E nela o azul, e mais nada.
A felicidade assim como está agora....pulsante.
Andrea Campelo, Fernando de Noronha,  10/03/13