Senti os batimentos sofridos dentro de mim, a pedir que retornasse dalí.
Mas estávamos quatro no carro. E as visitas, longínquas e saudosas portadoras da minha maior saudade, desejavam sentir aquela brisa nórdica Olindense que tanto atrai os que se vão.
O silencio, mais uma vez, teve seu preço. A avenida avançou e em sua memória, aquelas lembranças recalcadas voltaram.
Onze dias depois de ter deixado aquela metropolitanica cidade, ela vê aquele cenário novamente. E cada molécula, cada célula, cada átomo de seu corpo contrai-se.
As ruas passam. O carro para em frente ao bar no qual ela esteve no mesmo dia da semana, há quinze dias. Ela calou-se. Deixou a dor gritar dentro de si. E permitiu que suas amigas decidissem que não ficariam ali.
Mas a avenida beira mar continuou. Ela pode sentir como se voltasse no tempo... em que saia do trabalho e seguia pelo mesmo caminho, em rumo ao que aprendeu a chamar de casa. Não um lugar apenas, mas os braços daquele que a esperava.
Então chegara. O mesmo quarteirão. Elas pararam enfrente ao bar da noite final. Onde ela ouvira pela ultima vez sua risada embriagada. Onde comprara um souvenier infantil com seu nome e o dele. Onde acreditou no maior engano de sua vida.
Então não mais lhe foi possível o silencio, e ela o rompeu. Simples. “Não, por favor. Aqui não”. E as amigas calaram-se. Sentiram o peso de suas palavras e de seu semblante.
“Aqui vivi a ultima noite com ele”. O carro seguia devagar. Ela continuou ao chegar no ponto exato. E mostrou: “Nesta rua, naquela porta. Ali ficamos e vivemos toda a mentira que vim lhes contar”.
O carro seguiu para longe.
Ela voltou a respirar. “Podemos ficar agora. Olinda é grande e não me amedronta. Beberemos hoje”.
E quando deixava aquela cidade, ao fim daquela tarde chuvosa, olhou uma ultima vez para traz.
Por mais bela que seja, e és, nunca mais Olinda.
Andrea Campelo, Agosto 2013.
Nenhum comentário:
Postar um comentário