Imensa nesta noite ela paira
Na bruma negra, despreza tudo e todos
Mostra-se, exibe-se
Imoral e indiferente.
Brilha de um amarelo lascivo e intenso
É de toda a criação talvez a única coisa
Que dispensa sons.
Usa o silencio de sua plenitude
E me desperta.
Deito e a vejo
Ela reflete toda
No escuro, sua luz em mim, inteira
Faz-me nua.
E entra pelos poros, completa
Faz-me escrava e me guia, possui.
Não me sinto mulher
Sou só desejo
Em vísceras, puro,
Sinto doer a pele
Umedecer o ventre
Vibrar os quadris
Ela me trás de volta o que não tive
O que matei.
Em minha mente a ausência total de pudor
E o amor quieto, fica longe
Sou só luxúria
Fúria que morde e sangra os lábios.
Seu brilho cega
E fomenta minha fantasia
Que retoma as mãos que não tive
E me toco
Não para ele, mas para a promíscua celeste
Dona da noite.
A imagem é dele
Mas ela me move, me leva
A ferida dos lábios é doce, escorre
É, nessa hora, o gosto daquela saliva
Da pele, do corpo inteiro dele.
Mas é ela que está dentro de mim.
Perco o controle
Sucumbo
Sem amarras
Gemo contido, breve
Só ela me ouve
Plateia única, indiferente
E me derramo.
Explodo, pulso.
Ela cobre-se de nuvens.
Eu respiro.
Mulher.
Imoral.
Sinto sangue na boca.
Andrea Campelo
28/12/12
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